domingo, 12 de junho de 2016

Invigilância

A falta de vigilância daqueles que zelam pela causa espírita tem atingido altos pontos no quesito negligência.  Para o bom entendimento, vigilância significa atenção, zelo, precaução, cuidado. E ao observarmos os rumos do Espiritismo, percebemos claramente que esta é artigo totalmente em falta.
Falada por alguns e desdenhada pela maioria, por acharem ser uma atitude sem importância, a falta de cuidados levou as crendices a adentrar as casas espíritas, muitas vezes disfarçadas de caridade que leva os incautos a acreditar que estejam evoluindo através da bondade. As crenças foram veementemente combatidas por Kardec, que apostou na razão como forma de rechaçar as superstições.
Quando não se leva em consideração os avisos, fatalmente as situações negativas ocorrem levando todos para uma suprema derrocada. O desconhecimento do significado da palavra vigilância leva desmesuradamente à invigilância, e isso é tão óbvio que se torna até ridículo explicar. Entretanto, nem tudo o que parece ser lógico realmente o é, e isto se torna verdadeiro quando damos de cara com espíritas empanturrados de filosofia e moral para os outros, mas que não aplicam a si mesmos.
Os centros, que deveriam primar por ser um espaço de estudo e divulgação do Espiritismo, foram transformados em locais onde as práticas de curandeirismo são a principal atividade além da intensa troca de favores que ocorre descaradamente. Mediunismo e mensagens supostamente espirituais onde os elogios ao médium que psicografa são o ponto em alta e as recomendações de Kardec para os devidos cuidados com a idoneidade dos espíritos e dos próprios médiuns, em baixa.  
A falta de precaução e estudos coloca à frente das casas espíritas pessoas despreparadas, totalmente ignorantes em relação ao Espiritismo do qual só conhecem, e mal, a mediunidade. Para todos os que procuram a casa com alguma necessidade, o mesmo diagnóstico, obsessão. Participantes de grupos de estudos são retirados dos mesmos sob a justificativa de que é médium e de que precisa participar da reunião mediúnica, como se uma coisa inviabilizasse a outra. E assim vão-se formando médiuns pautados na ignorância pela falta de estudos. Futuramente, repetirão seus “lideres”.
 No púlpito palestrantes artistas que apresentam um belíssimo espetáculo no melhor estilo religioso-motivacional. A cena seria cômica se não fosse patética. O aparelho de som aos estardalhaços e o dito palestrante a abrir os braços e a correr de um lado para o outro, mas parecendo um pavão. Isso para não falar nos falsos palestrantes que nada entendem da Doutrina Espírita e não escondem que nunca nem viram a capa de O Livro dos Espíritos...
 Devido à invigilância dos que se julgam profundos conhecedores da intimidade dos espíritos, as casas estão entregues a velhacos que dão brechas a espíritos de caráter duvidoso, levando o Espiritismo à falência pela extrema inércia do movimento que permite o desvirtuamento e a fraude em nome de uma pretensa irmandade.
A fórmula para a mudança vibratória e para acertar o passo na Doutrina, entendendo-a como Kardec a colocou é bem simples, vigilância, o que implica boa vontade e para se ter a boa vontade é preciso estudo e para estudar é preciso muito mais que fazer parte de grupos, é preciso saber aproveitar os conhecimentos adquiridos na melhoria de si mesmo.
Mas não há um rigor nos estudos nos núcleos espíritas no sentido de levar o indivíduo a perceber a necessidade de trabalhar a si mesmo, ninguém na verdade dá a mínima para os conselhos de Kardec e também não conhecem esses conselhos, pois nunca leram a Codificação e a prova disso é a penetração de pretensos médiuns que recebem também pretensos espíritos de artistas famosos.  A galera dos centros, na invigilância característica de cada dia, não só aplaude como incentiva o comércio dos quadros e outros objetos. Se tivessem o pudor de comparar assinaturas e obras desses artistas quando encarnados,  com as da suposta entidade espiritual, perceberiam as falhas.
E quem pode, dentro de um critério mínimo de razoabilidade, garantir que espíritos como Monet, Renoir, Van Gogh e outros ainda se encontram no mundo espiritual? E caso estejam, encontram-se à disposição de qualquer médium brasileiro? Logo, a conclusão é bem simplória, ou as pessoas no movimento espírita são extremamente ingênuas ou a falta de conhecimentos já ultrapassou todos os limites permitidos do bom senso. Por ai se vê por que as obsessões e as enganações permanecem e alastram-se de modo grotesco, pela falta de vigilância dos espíritas, o que comprova que os verdadeiros inimigos da Doutrina, aqueles que a estão detonando se encontram disfarçados na pele de fiéis trabalhadores. Tão “fiéis” que não percebem a diferença entre representação, imaginação e fenômeno mediúnico propriamente dito.